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Carlos No

“Tragos e Komos” de Carlos No

PeriPlus
Residências Artísticas

Data: 2021
Localização: Coêdo – Vila Real

“Tragos e Komos”
Sinal de trânsito e tubo de ferro.
250 x 150 cm

“Tragos e Komos” * é o título da obra de Carlos No (Lisboa, 1967), artista convidado pelo Teatro Peripécia para integrar a edição deste ano do Festival Lua Cheia.

A obra, inédita, foi concebida para ser colocada junto à entrada do espaço da Companhia de Teatro Peripécia, em Coêdo, Vila Real.

A obra apresenta-se como um de sinal de «Trânsito Proibido» adulterado, constituído por uma placa de sinalética vertical, com 74 cm de diâmetro, colocada num poste de ferro com um pé em zig-zag. No centro da placa estão desenhadas duas silhuetas a negro representando duas máscaras, cujo referente são as máscaras tradicionais de Lazarim. Estas duas máscaras fazem igualmente parte de uma peça de teatro (“Fardo”) da Companhia de Teatro Peripécia.

A obra “Tragos e Komos” integra-se num conjunto de outras obras de médium idêntico, realizadas anteriormente por Carlos No, onde o artista trabalhou os conceitos de Território, Fronteira, Margem e Exclusão.

Ao colocar no espaço exterior da Companhia teatral, virado para a estrada que o circunda, um sinal de trânsito invulgar – por estar distorcido e fora do contexto habitual (é um sinal rodoviário colocado num jardim) -, o artista retira-lhe a sua função original mas mantem o seu referente: informativo ou regulador. Desta forma, Carlos No questiona, de forma irónica, estética e lúdica, os conceitos acima referidos levando-nos a repensar a relação com o outro, a relação normativa, de poder e de superioridade do Homem face ao seu semelhante, com as respectivas implicações em termos de abuso de poder, restrição de liberdades ou até mesmo, do direito à vida.

Ao remeter estas questões para o contexto de um espaço teatral, um lugar onde se contam histórias e passam valores através da representação de actores; do teatro como um “lugar para olhar” (theatron) no sentido etimológico da palavra, Carlos No procura estabelecer uma ligação entre a obra apresentada e a arte milenar de representar a realidade e a vida, como uma das formas de expressão mais livres do Homem para manifestar os seus pensamentos e sentimentos, pessoais ou alheios, de forma livre e em segurança.

 

 

* Palavras gregas que significam “Besta” e “Festa”, respectivamente, e que estão na origem das palavras Tragédia (tragoidia) e Comédia (komoidia).